Um dos principais motivos de procura ao consultório médico de ortopedia é a dor anterior no joelho. Entre as causas mais frequentes deste tipo de dor, está a tendinopatia patelar.
A tendinopatia patelar ou jumper´s knee, como também é conhecida, tem relação direta com esportes envolvendo a sobrecarga do aparelho extensor. Acomete atletas de todos os níveis, mas, principalmente aqueles de alto rendimento. Essa afecção não é restrita apenas aos membros inferiores de saltadores, mas também aos praticantes de qualquer esporte que exponha a sobrecarga repetitiva no tendão patelar. Em atletas, o joelho de saltador foi prevalente nos praticantes de voleibol e basquetebol.
Além do overuse (uso excessivo e repetitivo), outros fatores etiológicos da tendinopatia patelar são o desequilíbrio muscular ao nível dos joelhos, quadris e pelve, o encurtamento da retinácula lateral, dos isquiotibiais (musculatura posterior da coxa), do trato iliotibial e do gastrocnêmio (panturrilha). Existem algumas alterações ósseas que podem estar associadas, como a anteversão excessiva do colo do femoral, torção externa tibial, alargamento da pelve e patela alta.
Não há correlação entre sexo, idade e estatura na apresentação da tendinite patelar. A tendinopatia apresenta relação direta com o índice de massa corpórea (IMC), aumentando a incidência.
O sintoma característico da tendinopatia patelar é dor localizada na face anterior do joelho, ocorrendo durante ou após atividade física repetitiva, como corrida ou esportes envolvendo saltos. A dor se localiza, principalmente, na inserção do músculo quadríceps no polo inferior da patela (70%), polo superior da patela (20%) e na tuberosidade anterior da tíbia (10%).
Na análise histológica (por microscopia) das lesões crônicas (acima de três semanas) visualizamos rompimento das fibras colágenas, degeneração mucoide, neovascularização (novos vasos locais) e ausência de inflamação.
Qual a importância de saber disto? O que mudou no tratamento ao longo dos anos? O importante é ressaltar que as tendinoses ou tendinopatias apresentam pouca ou nenhuma inflamação, portanto o uso de anti-inflamatórios não hormonais – AINH, não auxiliam no processo de cura. Os corticoides – anti-inflamatórios hormonais, podem até ajudar em um evento agudo de tendinite, porém, numa tendinose, inibem a produção de colágeno, podendo contribuir para os resultados pobres e insatisfatórios. Em alguns casos, pode aumentar o risco de ruptura do tendão.
Desta forma, o tratamento atualmente proposto, consiste em protocolos variados de exercícios excêntricos com evolução progressiva ao longo das semanas. Na evolução insatisfatória, que ocorre na minoria dos casos, pode ser necessária o uso de outros procedimento associados, como terapia por onda de choque, diversos fatores biológicos (PRP / BMAc / Micro-Fat) e, em alguns casos, procedimento cirúrgico.
1) Miller MD, (2016) Orthopaedic Knowledge Update Sports Medicine. AAOS – USA.
2) Insall & Scott, Surgery of the Knee (2018) Sixth Edition. Elsevier, USA.
3) Mueller-Wohlfahrt, (2013) Muscle Injuries in Sports. Thieme, Germany.
4) Noyes FR, (2017) Knee Disorders. Second edition. Saunders Elsevier, USA.
5) Canata GL, (2017) Muscle and Tendon Injuries. Springer